segunda-feira
lavava os copos
colocava pinga
enxugava os copos
lavava
enxugava
coava café
limpava o balcão
cobrava o bêbado
dava (o troco)
ou não.
cozinhava ovo
pagava o fornecedor
gritava com pedintes
enxugava
varria
pinga no copo
lava o copo
abre gaveta
pega troco
fecha gaveta
manteiga no bolo
ou não.
pensava na vida
passou!
não fugia
porque não podia
nem devia
vida ingrata
Amélia ingrata
respirava fundo
chegam
bêbados
desempregados
traídos
traidores
bandidos
enrustidos
sofridos
chegou Amélia
café com leite
troco pra dez
até amanhã
lavava os copos
colocava pinga
enxugava os copos
lavava
enxugava
coava café
limpava o balcão
dose
em bar que há pinga
embarco na saudade
de você
noyé
ici, je n’ai pas d’argent
je n’ai pas d’amour
ici, je n’ai rien
je ne suis rien
je ne sais rien
ici je ne dors plus
je ne mange plus
je ne parle plus
je ne sais pas vivre
dans cet océan de folie !
dans cet océan de vanité !
dans cet océan...
il y a trop de monde ici
et moins de moi...
il y a plus de moi là d’où je viens !
mais je ne suis pas là !
je suis ici sans moi
sans toi
au fond
noyé
do novo ao velho
a gente se machuca
e a gente se cura
a gente se odeia
e a gente se ama
a gente bagunça
e a gente organiza
a gente bagunça de novo
e organiza de novo
a gente se odeia
e se ama de novo
a gente se machuca
e se cura de novo.
e de novo
de novo
de novo...
e de tanto repetir
a gente percebe uma coisa:
a gente envelhece.
e aí não tem de novo
é aí a gente tenta
tenta não se machucar
tenta não se odiar
tenta não bagunçar
o que será
que envelhece a gente?
o "repetir erros" ou
o "tentar não errar de novo"?
é...
não dá pra fugir
a gente envelhece
de um jeito,
ou de outro