num universo controverso
o que sai de mim
traduzo em versos
tempo perdido

quando disse
“eu vou”
ficou

quando disse
“eu quero”
recusou

quando disse
“eu te amo”
se enganou
morada

a cortina
balança

a porta
não tem fechadura

você está
aqui dentro
mas não quer sair
entorpecente

abracei tormentos
presenciei tornados
aceitei torturas

eu me tornei torvo

por fim, retornei
torpe

ainda há sanidade em mim?  
uma deriva psíquica

entre ficar e partir
ficou

mas ficou indo

e na partida
gritava em silêncio

tocava um grande vazio
num escuro nunca visto antes
marinheiro só

eu sou a lenda
do triste marinheiro
que só guarda lembranças
dos mares que não pôde navegar

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